Nas sombras de um lar onde as palavras "sinto muito" não ecoam, crescem pessoas que aprendem a se proteger não com palavras, mas com o silêncio. A ausência do pedido de desculpas, esse gesto tão humano, torna-se uma marca invisível carregada através dos anos, se dizendo que admitir falhas é sinônimo de fraqueza e de vergonha. Quando crianças são criadas em ambientes onde o tratamento de silêncio prevalece sobre o arrependimento, elas são ensinadas, sem palavras, que seus erros são inaceitáveis e que não merecem compreensão. Esta é uma “educação” emocional severa e solitária, onde o amor e o perdão sao raros, e a vulnerabilidade um luxo. Em nossa busca por conexão e entendimento, nos encontremos frequentemente perdidos, incapazes de articular um simples reconhecimento: “Eu errei. Me desculpe.” Este ato, tão importante em sua simplicidade, torna-se um obstáculo dificílimo, que muitos não conseguem passar. O que esse silêncio nos ensina? Que melhor é o vazio das palavras do que a exposição dos sentimentos. Que é preferível viver à sombra dos nossos erros, em vez de enfrentá-los. Crescemos então, moldados pela crença de que o silêncio nos protegerá, que ele é como um guardião . Mas a verdade, aquela verdade que lateja no fundo, é que cada momento de silêncio é uma oportunidade perdida para a cura, para a aproximação, para o amor. E o que dizer da sociedade que nos cerca, que nos ensina a competir até na dor, a esconder nossas falhas como segredos. Vivemos numa cultura que idolatra a perfeição, mas se esquece de que são nossas imperfeições que nos tornam humanos, conectados uns aos outros. Pedir desculpas, então, não é apenas um ato de reparação; é um ato de rebelião contra um mundo que valoriza mais o orgulho do que a verdade, mais a imagem do que a essência. É um sinal de força, não de fraqueza; de coragem, não de covardia. É o reconhecimento de que todos nós somos falíveis, e que há beleza e dignidade em admiti-lo. Portanto, que aprendamos a dizer "desculpa", não apenas da boca pra fora, mas com verdade. Que possamos reconhecer que, nesse ato de vulnerabilidade, encontramos nossa força. E que, ao quebrarmos o ciclo do silêncio, possamos ter compreensão e empatia, onde antes havia apenas traumas. #psicologia